2013

Todo fim de ano é a mesma coisa. Tenho por hábito fazer um balancete do ano que se vai. Lembranças tristes, alegres, tem de tudo nos 365 dias que formam cada ano.

Meu balancete tem trilha sonora. Como há anos que não começaram em janeiro porque o ano anterior não fechou em dezembro, às vezes tem duas, três trilhas. Não me peçam explicação para esse fenômeno, não tenho. É tudo sentimento e sentimento nem se explica, nem se impõe.

Dou exemplos: 1971 para mim começou em março e daí em diante só deu Oscar Peterson e seu piano adorável. 1986 e 1992 foram anos de uma melodia da década de 30 do século 20 mas que explode em meus ouvidos a cada vez que me lembro daqueles dias: J’ attendrai le jour et la nuit, j’ attendrai toujours, ton retour…

E 2013?

Foram dias de entusiasmo, medo e desilusão. O gigante acordou, tentou andar mas depois de tanto tempo parado, está quase inválido. Se não houver quem trate dele, cuide de sua musculatura e de seu espírito, nosso Brasil ficará entrevado.

No balancete que recém comecei a fazer, ouço Vai passar. E fico na janela das lembranças esperando o estandarte do sanatório geral passar, ansiosa para que ele passe e não volte. Mas ele volta e volta cada vez com mais barões famintos e bandos de pigmeus a lotar nosso Brasil.

Muitos são os balancetes na Imprensa. O jornalista Rodrigo Constantino fez seus pedidos de Fim de Ano e elogiou os EUA, país pelo qual também tenho admiração, mas por motivos diversos. Entre outras coisas, elogia aquele país pelos serviços básicos que funcionam, as estradas boas, diz que quase todos possuem carros decentes, pelos quais pagaram um terço do valor que nós pagamos e que podem andar com vidros abertos e ter casas sem muros.

Eu também adoro os filmes de Frank Capra…

Constantino, sempre romântico, fez uma listinha de pedidos a Papai Noel. Um deles foi “Que esses ecochatos e politicamente corretos arrumem algum passatempo individual e nos deixem em paz para vivermos de acordo com nossas preferências pessoais”.

Peço o mesmo. Mas é bom lembrar que todos somos ecochatos para quem pensa diferente de nós.

Não esqueço, em meu balancete, de anotar que o mundo perdeu um gigante moral, é verdade. Fica essa marca triste.

Mas eu, pessoalmente, devo fazer Justiça a 2013: a caetana, como diz o grande Ariano Suassuna, não levou ninguém que eu amo. Só isso já o torna abençoado.

Além da lição de vida que neste ano recebemos de dois Homens admiráveis: Bento XVI e Francisco. Um pela força que demonstrou ao renunciar ao Poder e o outro pela força que demonstrou ao aceitar o Poder, ambos pensando mais na Igreja do que em si mesmo.

Já pensaram que beleza se Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Campos tivessem a mesma força e se unissem pelo bem do Brasil?

Aí teríamos que gritar em coro: Valeu, 2013!

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 27/12/2013. 

2 Comentários para “2013”

  1. 2014 vem aí, cheio de esperança,quem sabe FHC, Campos, Marina, Cristóvào, Simon, Suplicy,e outros.

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