Vamos passear pela Idade Média

No Irã, na Coréia do Norte, na China e agora em Campo Grande, no vistoso estado do Mato Grosso do Sul, o Google passa por maus bocados.

Um candidato a prefeito do PP, um certo A.Bernal, que por sinal trabalha como “comunicador”, uma espécie de Russomano pantaneiro, se sentiu ofendido com um post colocado no YouTube por alguns inimigos políticos, e provocou a prisão, pela Polícia Federal, do diretor do Google no Brasil.

Um juiz de Campo Grande mandou soltar o homem logo e evitou que o mundo se divertisse por mais tempo com a bizarrice. Seria mais ou menos como mandar prender o diretor do Correio pela entrega de uma carta malcriada.

Ainda não aprendemos a lidar direito com as novas tecnologias e confundimos plataformas de distribuição com produtores de conteúdo.

Estamos destinados a produzir ainda muitos episódios pitorescos que nos tornarão constrangedoramente semelhantes a ditaduras que ainda envergonham o planeta.

A proibição da exibição do trailer do grotesco documentário “Inocência dos Muçulmanos”, que tem provocado explosões de ira islâmica no mundo, é outro episódio dessa ridícula onda de intolerância.

Não é só no Google que os ventos não sopram a favor da liberdade de expressão. A vontade incontrolável de dirigir a opinião alheia é uma doença incurável do espírito humano.

O diretor de comunicação do PT, deputado André Vargas, no bojo de um ridículo manifesto do partido agredindo a Justiça, em função do julgamento do Mensalão, escreveu com todas as letras que a transmissão direta das sessões do STF constituía “uma ameaça à democracia”.

O jornalista Fabio Pannunzio, da TV Bandeirantes, anunciou na última quarta-feira, que estava abandonando a publicação de seu blog em função da perseguição que lhe vem sendo movida judicialmente pelo secretário da Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, pelas críticas que o jornalista tem publicado com relação à atuação da polícia paulista e mais especificamente da Rota.

Como se não bastasse tudo isso, há ainda a nova ofensiva obscurantista movida por entidades racialisticamente corretas contra a obra de Monteiro Lobato: querem retirar das salas de aulas dois dos clássicos da literatura brasileira , que ajudaram a formar milhões de crianças – Caçadas de Pedrinho e Negrinha – porque Tia Nastácia foi vista subindo em árvores “como macaca de carvão”. O que seria então do Otelo de Shakespeare?

Em pleno começo do século XXI , estamos sendo convidados a passear pelos cenários da Idade Média. Péssima viagem a todos.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 28/9/2012.

Um comentário para “Vamos passear pela Idade Média”

  1. Na idade média os segredos e a privacidade estavam circunscritos a poucos priviligiados e não faziam furor na opinião pública. Hoje em dia o Google, personificação virtual da opinião pública, excracha na Web para desespero de muçulmanos, católicos, políticos, artistas,etc…Quem não quiser aparecer na Web que guarde muito bem pensamentos e segredos. A exemplo da rainha dos baixinhos, ex putinha dos grandinhos, que mandou retirar da Web o filme que depõe contra sua atual personalidade. O Google representa hoje forte arma da opinião pública antes engessada pelos jornais e revistas chamados “chapas brancas” que só divulgavam o interêsse do Rei. No entanto ainda persistem os segredos de estado e de justiça como que perseguindo o Wikileaks e seu fundador Julian Assange hoje asilado numa republiqueta sul americana.Divulgar segredos é perigoso!

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