“Não troque o certo pelo duvidoso!”

Essas são palavras do maior e mais experiente palanqueiro que este país já viu. Quando se trata de escolher em quem votar, concordo inteiramente com Lula. Aliás, devo essa lição a ele. Votei no novo em 2002.

Acreditei que era obrigação de quem tivera todas as chances na vida aceitar e apoiar um homem que vinha das camadas mais baixas da sociedade, que muito lutara para chegar onde chegou e que era abalizado por intelectuais que eu respeitava.

Deu no que deu.

E deu no que está dando.

O Julgamento do Mensalão, breve intervalo em nossas vidas, uma lição de cidadania, se não abrirmos os olhos se transformará, sim, na infame piada de salão do extravagante Delúbio.

Ou essas manifestações de desagravo a José Dirceu não são um ensaio para a grande piada?

Por que não o homenagearam quando Lula o demitiu da Casa-Civil? O que impediu ‘Os Amigos de 68’ de se reunirem quando Dirceu teve seu mandato de deputado cassado? Por que só agora essa demonstração de amor?

Será para frisar sua surpresa ao ver que os juízes nomeados pela dupla petista não eram vassalos, mas Juízes que mereciam a Toga?

Ou para deixar claro que na opinião deles corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, não são crimes e sim meras infrações?

E ainda vem a Folha de S. Paulo (25/10/2012) e publica um editorial que envergonha nossa Imprensa?

O coração do editorial é perfeito: precisamos de melhores cadeias e presídios, não é possível o Brasil, que se quer um país civilizado, ter masmorras infectas como as nossas.

Mas porque o Governo Federal – sob a direção do PT há 10 anos – deixou de cumprir sua obrigação, não vamos prender os colarinhos brancos? Só vamos trancafiar os pobres e os pretos? Para os ‘educados’, punições severas, mas em liberdade? É isso, Folha?

Sinceramente, concordo que criminosos de sangue são muito mais perigosos do que corruptos no meio da rua. É verdade. Não vejo nenhum desses infelizes com um AK-47 fuzilando crianças e velhos, nem sequer matando-se uns aos outros.

Mas se formos acreditar neles e em seus admiradores, alguns quando jovens, com sangue na guelra, bem acharam que uns tirinhos não fariam mal a ninguém…

Então, é o que dirão, era em nome de algo maior, de um projeto de governo para acabar com uma ditadura fascista; erradicar a pobreza no Brasil; fazer desta nação um exemplo para o mundo. Tal qual a União Soviética, que Deus a tenha!

Pois bem, chegaram ao Planalto e o que fizeram? Corromperam e foram corrompidos. E não me venham com enredo de novela: ‘o mensalão é uma farsa. Essa gente não roubou’.

Ah, é? Então me digam: quem pagou seus advogados?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 26/10/2012.

2 Comentários para ““Não troque o certo pelo duvidoso!””

  1. Em 2002 a Maria Helena parece ter votado no Lula. No certo ou no duvidoso? Creio que votou certo, segundo o texto do Sandro Vaia votou com o cerébro vermelho. È no centro flutuante e indefinido que os marqueteiros vão buscar aprisionar o “cérebro vermelho” que define quem ganha a eleição.Resumindo um pouco grosseiramente: numa campanha política, quem trabalha para ativar os circuitos do “cérebro vermelho” tem mais chance de sucesso de quem trabalha para ativar os circuitos do “cérebro azul”.
    São Paulo a beira de um dilema: Trocar o duvidoso por duvidosos? Pelo jeito e andar da carruagem São Paulo vai tiriricar de novo!
    O povão vai decidir para desgosto dos intelectuais do “cérebro azul”.

  2. Elio Gaspari, O Globo,24.10.2012

    Faltam poucos dias para o desfecho da eleição municipal e são fortes os sinais de que o PT terá o que comemorar. Qual a explicação para o desempenho dos companheiros se a economia vai devagar, quase parando, e a cúpula do partido de 2005 está a caminho do cárcere?
    A oposição tem dois anos para articular uma agenda que lhe permita avançar sobre a plataforma petista. Ela não precisa se preocupar com a turma que detesta Lula, essa virá por gravidade, assim como os adoradores de Nosso Guia continuarão seguindo-o.
    Fazendo cara feia para os programas sociais do governo, para as políticas de ação afirmativa nas universidades e para a expansão do crédito popular, ela organizará magníficos seminários. Eleição? É coisa de pobre.

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