A deslavada, desavergonhada mentira dos racialistas

Em artigo publicado hoje (quinta-feira, 11 de agosto) em O Globo, em defesa das cotas e outros instrumentos teoricamente destinados a combater as desigualdades raciais, a procuradora e professora Flávia Piovesan afirma que “o Brasil é o segundo país do mundo com o maior contingente populacional negro (45% da população brasileira, perdendo apenas para a Nigéria)”.

Repetindo: para defender a tese racialista, a procuradora e professora afirma que 45% da população brasileira é formada por negros.

É uma mentira deslavada, desavergonhada, absurda.

É também um retrato fiel, acabado, da forma como raciocinam os racialistas. De como a base de suas teses é um embuste, uma falácia.

A verdade dos números é a seguinte, conforme se pode ver pelo Censo de 2010 do IBGE : 53,8% dos brasileiros são brancos; 39,1% são pardos; 6,2% são pretos; 0,4% são amarelos e indígenas.

Para o IBGE, não existe a definição “negros”. Existem brancos, pardos, pretos.

Os racialistas somam os pardos aos pretos, e os transformam em “negros”.

Ora: pardos, todos sabemos, são resultados da miscigenação entre brancos e pretos. Então, temos que, segundo o IBGE, 39,1% dos brasileiros são filhos de casais mistos, de casamentos inter-étnicos. O que deveria ser um motivo de orgulho de todos os brasileiros.

Por que, raios, os racialistas querem que os pardos sejam “negros”?

Porque seguem a metodologia usada pelos Estados Unidos, um dos países onde o racismo é mais forte em todo o mundo. Lá, um pessoa de pele branca que tenha uma gota de sangue “negro”, que tenha tido uma tataravó pardo, ou mulato, é considerada “negra”.

Todo o histórico brasileiro é profundamente diferente do norte-americano. Lá, apenas nos anos 1960 leis federais baniram definitivamente as leis de diversos Estados que estabeleciam a segregação racial. O Brasil, todos sabemos, vive um processo de miscigenação como poucos países do mundo – a ponto de 39,1% das pessoas serem pardas, segundo os critérios do IBGE. Ao contrário de lá, o racismo jamais foi tolerado pelas leis brasileiras.

A deslavada, desavergonhada mentira usada pela procuradora e professora na defesa das cotas e outras políticas que vão contra a Declaração Universal dos Direitos do Homem e contra a Constituição Brasileira – “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” – expõe com a maior nitidez possível como são falaciosos os argumentos dos racialistas, essa minoria estridente que teima em jogar no lixo um dos melhores aspectos da sociedade brasileira e instituir aqui um país bicolor, preto contra branco.

11 de agosto de 2011

 

Um comentário para “A deslavada, desavergonhada mentira dos racialistas”

  1. A verdade tem muitas facetas.
    Meu pai é afrodescendente de cor negra e minha mãe é eurodescendente de cor branca. Sou pela definição acima: pardo. No entanto, ao ser abordado na rua me chamam de negão, “negozinho” (Rio de Janeiro), moreno (nordeste do Brasil. Mas eu sou pardo! Quando entro nas lojas dos Shopping Centers o seguranças me seguem porque eles me acham negro, mas eu ainda sou pardo!? Quando vou procurar um emprego, adivinha, as pessoas brancas são escolhidas, mesmo que eu apresente melhor currículo, tento argumentar: “Eu sou pardo”!!!
    Infelizmente, o que foi previsto por Batista Lacerda (O Congresso Universal das Raças reunido em Londres (1911) : apreciação e commentarios. [1912]. http://www.obrasraras.museunacional.ufrj.br/obras_titulo.html)não aconteceu, pardos e negros não foram extinto pela raça predominante e eu continuo na dúvida: devo me identificar como negro ( a maioria dos brasileiros me identificam assim), ou devo acreditar que sou negro e acreditar que as pessoas me discriminam por ser pobre???
    Afinal, a face da verdade depende de quem a vê: preta, parda, vermelha, amarela e as vezes, raramente, preconceituosa!

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